Um ocaso fogoso e vívido
Um ocaso fogoso e vívido,
Transeuntes que regressam aos lares,
Gatos que se espreguiçam e se põem em alerta.
Ruas que se esvaziam,
Luzes que se acendem e ofuscam o natural.
Mais um dia que se vai,
Mais uma penumbra citadina.
O silêncio e o obscuro expandem-se,
Lenta e penosamente, na placidez crescente,
Que se instaura decisivamente.
A lua, na sua altivez cintilante,
Dá ares da sua graça.
O manto que se escurece em sua volta,
Encobre-nos de angústias e mágoas.
Torrente de imbróglios diurnos
Assoberbam os espíritos,
Sente-se a necessidade de abandonar
Este dia que quase já está ido.
Ao menos o sol nascerá amanhã
E limpar-nos-á da viscosidade de hoje.