Epifania súbita de viver
Epifania súbita de viver,
O manto de um azul alegre expande-se sobre nós
E os pássaros, até agora mudos,
Começam a gorjear, contentes também.
O ar matinal revigora,
O cheiro marinho é inebriante,
A brisa que se faz sentir amolece.
Há crianças a correr e a sorrir.
A música citadina faz cócegas nos ouvidos,
Os turbulentos afazeres aprazem.
Todo o rumor incessante
Enche de alegria o peito ansioso.
Se, ao menos, a vida fosse uma epifania constante,
Um leve e suave enlevamento,
Um deleite incomensurável
Se, ao menos, não houvesse mágoa ou soturnidade,
Poderia eu suspirar de prazer.